domingo, 25 de janeiro de 2009

Chutar cachorro vivo

Tenho usado a força contra animais de estimação. E a coisa funciona. Cachorros e gatos ficam com medo de mim e param de encher o meu saco.

Um exemplo. Fui a um almoço na casa de uma das minhas várias tias. Esta é irmã do meu pai. Sempre que vou lá me desentendo com a cachorra da casa. O bicho se chama Sofia. Acho que é uma poodle. Tem aqueles pêlos finos encaracolados. Mas a cor dela é cinza, não branca.

Logo que eu entrei, Sofia começou a latir e pular nas minhas pernas. Pedi à neta da minha tia, uma menina de uns oito ou nove anos, para afastar a cadela de mim. Não fui atendido. Muito bem. Apelei para a violência. Coisa que deveria ter a feito nas minhas visitas anteriores a esta minha tia. Quando Sofia pulou de novo na minha perna, dei uma coxada nela. Joguei a cachorra longe.

Sofia não veio mais para perto de mim. Na saída, cruzei com o animal. A cadela se encolheu e encostou na parede. Gosto demais da sensação de provocar medo em alguém. Gente ou bicho.

Claro que não vou chutar ou coxar rotweiller e pitbull.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Comido por viados e baleias

Ando sendo devorado com os olhos por bichas magricelas e mulheres gordas. Pessoas de outras formas também me olham. Só que as secadas mais fortes são dos gays delgados e das balofas. Não correspondo aos assédios visuais. Mas me divirto bastante com a coisa.

Logo que comecei a ficar com um corpo decente – eu era um paquiderme de 111 quilos que agora está com 77 -, notei um monte de homem olhando para mim. Principalmente aquelas bichas fashionistas. Bem magras. Que usam calças – jeans pretos ou azuis bem escuros – muito justas. Secas, mesmo. As pernas de gente desse tipo parecem duas baguetes. Camisetas também bem apertadas. Muitas vezes são adornadas. Cabelos bem baixos ou arrepiados com gel. Outro traço marcante: óculos de acetato – ou algum outro material plástico – de aros bem grossos. A maioria deve ser de vendedores de lojas de marcas brasileiras de moda, tipo M.Officer e Ellus.

Comentei isso com uma amiga. Ela disse que um dos motivos pode ser o fato de eu ser elegante. Desde gordo eu sou muito ligado em roupas e acessórios. E agora que estou com uma forma física mais legal, a minha amiga acha que minha elegância se tornou ainda mais destacada. Sendo bichas fashionistas, faz sentido. Elas me medem de cima a baixo. Dão especial atenção ao meu abdômen. Não estou ainda com barriga de tanquinho. Mas está bem aceitável para quem me vê vestido. Claro que se sentem atraídos pelo rosto, em especial meus olhos azuis.

Mas eu penso que há um elemento a mais. As bichas fashionistas podem achar que sou da mesma turma delas. Minhas roupas ainda não são tão apertadas. Só que também não são folgadas. Faço de tudo para ter um visual o mais longilíneo possível. Passei a usar camisetas tamanho P – antes eram GG ou até mesmo XGG. Meus óculos são de acetato com aros azuis. Não são grossos, mas têm um toque fashion. Eu prefiro que desconfiem que sou viado a andar desleixado e maltrapilho. Não abro mão de certas viadagens.

Só que o assédio mais prazeroso tem sido o das gordas. Há poucos dias, no Shopping Villa-Lobos, em São Paulo, fui visualmente comido por duas obesas de uma vez só. Devem ser irmãs, pois são muito parecidas. Imagino que na faixa entre 23 e 27 anos. Gordas tipo maçã, redondas por inteiro. Aquela cabeça redonda, de almôndega. Olhos pequenos e pescoço escondido pelas banhas. Estavam agasalhadas, pois estava frio em São Paulo no dia.

Eu estava com uma malha azul – da tonalidade do azul da bandeira do Brasil – jeans azul-claro e mocassins azuis. A combinação faz com que meus olhos brilhem e chamem mais atenção do que normalmente chamam. As irmãs polpettone passaram por mim num dos corredores do shopping. A que aparentava ser a mais nova olhou ostensivamente para os meus olhos. Acho que ela cutucou a irmã, que também começou a me secar. Deixei que elas olhassem por uns dois segundos. Aí virei a cara. Só que diminui o passo para ouvir um possível suspiro ou comentário. E veio um comentário que validou todo o meu esforço em prol da estética pessoal. A que eu considerei a mais velha disse: “Só porque é bonito é metido”.

Poder praticar o esnobismo tem sido a maior recompensa de estar galã. Meu barato não é pegar mulher. Meu lance é recusá-las. Chegar numa roda de amigos e dizer que come todas é muito comum. Um clichê masculino. Não vejo graça nisso. Quero falar para os caras: “Desprezei quatro semana passada”.

Não me caracterizo pelo que faço. Mas sim pelo que eu não faço.