Sou preguiçoso, desligado e não estive à frente das grandes transformações socioculturais da História recente da Humanidade. Foi o que ouvi sobre mim por fazer parte da Geração X, gente nascida entre 1960 e 1980.
A glória do passado está com os Baby Boomers. Esse pessoal nascido após a Segunda Guerra Mundial conquistou a liberdade desfrutada atualmente. Foram aos Baby Boomers que fizeram a revolução sexual. Se hoje não se condena uma transa casual, por exemplo, é graças a eles.
Lutaram contra regimes autoritários em várias partes do planeta. Se bem que uns fizeram parte de ditaduras ou, pelo menos, tinham intenção de implantá-las.
A Geração X é acusada de não ter feito nada. Apenas aproveitou o obtido pelos Baby Boomers. Quando foi às ruas, como no caso dos adolescentes cara-pintadas que participaram de manifestações contra o Governo Collor em 1992, era mais por diversão do que consciência política. Bom lembrar: Collor saiu.
Como de costume, esquecem de atentar para o óbvio. Cada tempo tem suas respectivas demandas. Quando a turma da Geração X chegou à idade adulta não fazia sentido nenhum ficar não embate entre socialismo e comunismo versus capitalismo, por exemplo. Isso já estava superado. Sabia-se que lado havia prevalecido.
No aspecto cultural, restava mesmo era gozar as liberdades que se ofereceram. As coisas apenas caminharam.
O mérito na atualidade cabe à Geração Y. Trata-se da garotada – de 1980 a 2000 – viciada em tecnologia. Eles são eletrônicos. Lançam novas idéias e criam novos negócios.
Não seguem regras antiquadas de administração, como respeitar a hierarquia. Não usam terno e gravata.
Atuam politicamente. Não de forma partidária. Mas sim por intermédio de ong`s e demais coisas sob o rótulo de trabalho social. Assim, estão empenhados na preservação do meio ambiente e no combate às mazelas sociais. Fazem um mundo melhor.
Claro que as divisões geracionais são ferramentas de marketing. Beleza. Gosto delas. Sou chegado em rótulos. Eles fornecem bom material para discussões e sátiras.
Só que nenhuma geração tem mérito ou demérito. As pessoas vão agindo conforme as circunstâncias de apresentam.
Depois de ter sido apontado como um dos culpados pela última crise financeira global – Lula disse que a responsabilidade era de gente de pele clara e olhos azuis -, agora dizem que pertenço a uma geração imprestável.
Ainda bem que emagreci. Só faltava ser gordo para completar minha coleção de credenciais pouco lisonjeiras da atualidade.
Marcelo Amaral
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