domingo, 18 de outubro de 2009

Pátria e pragmatismo


Uma lei promulgada recentemente obriga que todas as escolas públicas e privadas do Brasil toquem o hino nacional ao menos uma vez por semana. A justificativa é incutir mais patriotismo na mente das crianças e adolescentes. Duvido que a medida alcance este tipo de eficácia. Além de, por temperamento, tratar patriotismo, nacionalismo, ideologia política e religião como breguice e lavagem cerebral.

Ficar perfilado ouvindo a execução do hino – e, talvez, observando o hasteamento da bandeira do Brasil – vai ser encarado como pagar mico pelos alunos. Vai ser difícil colocar as crianças quietas. Elas vão querer que acabe logo para sair correndo. As adolescentes vão mascar chiclete, mexer no cabelo e olhar para bundas, peitos e rostos de colegas. Ninguém vai se lixar para o “Ouviram do Ipiranga”.

Doutrinação patriótica é coisa para regimes do tipo Coreia do Norte. As pessoas vão levar em conta suas vidas práticas. A molecada não vai se estimular por um hino com uma letra complicada. Eles querem saber de IPod e Mp5. Querem que o país ofereça acesso às tecnologias mais avançadas a preços viáveis. E, claro, oportunidades de formação e trabalho.

Caso contrário, vão ignorar as raízes e os nossos bosques - que têm mais vida, de acordo com o hino nacional brasileiro - e emigrarão. Os caras estão conectados com várias partes do mundo. Veem e ouvem coisas de toda parte do planeta. Tenderão a procurar lugares onde entendam que possam realizar seus desejos.

Lula é uma figura de destaque no cenário geopolítico internacional. O Brasil será sede da Copa do Mundo de 2014. O Rio de Janeiro vai abrigar a Olimpíada de 2016. Mas o Brasil está superestimado. Exemplo: os alunos brasileiros continuam se dando mal em testes e concursos mundiais. E isso não tem nada que ver com o fato dos jovens não cantarem que “um filho teu não foge à luta”.

É que agora, Lula inclusive, alguns têm dito que falar mal do Brasil é falta de patriotismo. Penso que quem reclama é porque têm mais percepção. Não se ilude. E, além disso, tem mais propensão a buscar melhoria do que os crédulos. Esse papo de falta de patriotismo foi o mesmo argumento usado pelo governo de George W. Bush para abafar os críticos das medidas tomadas após o 11 de setembro de 2001.

Cantar o hino nacional brasileiro nas escolas é bobagem. Os alunos vão fazer a vida é com Orkut, Facebook e Twitter.









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