Tenho um medo patológico. Ergofobia. Significa horror ao trabalho. Só vi outra pessoa admitir publicamente, até hoje, ser ergofóbico: o playboy Chiquinho Scarpa. A conta bancária dele permite viver muito bem o distúrbio. A minha, não. Mas eu não largo a preguiça.
O estilo contemplativo de levar a vida recebe forte reprovação moral. Há aquele clichê católico de que o trabalho dignifica o homem. A ética protestante do trabalho está impregnada. Até o marxismo exalta a labuta. Não apenas por prever uma revolução perpetrada por operários. E sim porque Karl Marx também dizia que o homem se realiza em sua atividade laboral. Então, quem não é chegado no trabalho, fica malvisto.
Só que na realidade trabalhar tem muito mais que ver com a vida prática do que com o resto. É pelo sustento que a maior parte das pessoas passa um tempão – mais de 10 horas por dia em muitos casos – executando tarefas chatas. Recebendo ordens de chefes tidos como imbecis. E sendo rodeadas por colegas que suspeitos de serem sacanas.
O lance de dar uma dimensão religiosa e espiritual ao trabalho é maquiagem. Perfumaria. Para tornar a coisa mais suportável. A realidade não tem graça para as pessoas. Isso é o que me intriga na mente humana. A incapacidade de aceitar a realidade de que tudo acontece de forma aleatória.
Os relacionamentos também entraram na lógica do trabalho. O papo que mais se ouve nesta área é que as relações afetivas e sexuais precisam ser trabalhadas e retrabalhadas todos os dias. É o esforço para manter a chama viva. Não sei por que tanta labuta. Basta trocar de parceiro. Arrumar um caso. Umas relações casuais.
Toda essa trabalheira não tem sido grande coisa. Meu hobby é ficar em cafeterias e praças de alimentação escutando conversa dos outros. E o que eu mais capto é lamentação sobre trabalho e relacionamentos.
Minha teoria é que exigência demais atrapalha. Profissionais que buscam o máximo, muitas vezes, se enrolam tanto que não fazem sequer o mínimo. Gente que põe altas expectativas e obrigações em um relacionamento acaba abandonada ou traída.
O estilo contemplativo de levar a vida recebe forte reprovação moral. Há aquele clichê católico de que o trabalho dignifica o homem. A ética protestante do trabalho está impregnada. Até o marxismo exalta a labuta. Não apenas por prever uma revolução perpetrada por operários. E sim porque Karl Marx também dizia que o homem se realiza em sua atividade laboral. Então, quem não é chegado no trabalho, fica malvisto.
Só que na realidade trabalhar tem muito mais que ver com a vida prática do que com o resto. É pelo sustento que a maior parte das pessoas passa um tempão – mais de 10 horas por dia em muitos casos – executando tarefas chatas. Recebendo ordens de chefes tidos como imbecis. E sendo rodeadas por colegas que suspeitos de serem sacanas.
O lance de dar uma dimensão religiosa e espiritual ao trabalho é maquiagem. Perfumaria. Para tornar a coisa mais suportável. A realidade não tem graça para as pessoas. Isso é o que me intriga na mente humana. A incapacidade de aceitar a realidade de que tudo acontece de forma aleatória.
Os relacionamentos também entraram na lógica do trabalho. O papo que mais se ouve nesta área é que as relações afetivas e sexuais precisam ser trabalhadas e retrabalhadas todos os dias. É o esforço para manter a chama viva. Não sei por que tanta labuta. Basta trocar de parceiro. Arrumar um caso. Umas relações casuais.
Toda essa trabalheira não tem sido grande coisa. Meu hobby é ficar em cafeterias e praças de alimentação escutando conversa dos outros. E o que eu mais capto é lamentação sobre trabalho e relacionamentos.
Minha teoria é que exigência demais atrapalha. Profissionais que buscam o máximo, muitas vezes, se enrolam tanto que não fazem sequer o mínimo. Gente que põe altas expectativas e obrigações em um relacionamento acaba abandonada ou traída.
Não me incomodo de ver a vida passar. Não curto ação. Gosto de ser espectador e comentarista.
também sofro disso
ResponderExcluirMe senti contemplada!
ResponderExcluirTenho 20 anos, já tive dois empregos e larguei, eu me senti uma inútil em todos os sentidos. As pessoas me diziam para aguentar mais alguns dias e eu simplesmente queria sofrer um acidente pra não ter que ir trabalhar. Infantilidade? Talvez... Mas só Deus sabe como me senti aliviada depois de caminhar para longe do lugar que tinha que ir todas as manhãs.
ResponderExcluirConsegui entrar na faculdade, mas até agora não sei aonde isso vai me levar, já recusei algumas oportunidades para ingressar no mercado de trabalho. Eu sempre acho que vai ter outra e quero aquela certa, é....essa é minha desculpa, jamais pensei que estaria nessa merda. É uma mistura de raiva com depressão e uma pitada de fracasso.... :-))) this is my life....
Cara, te compreendo plenamente. Isso dói... Me sinto da mesma forma.
ExcluirCara, te compreendo plenamente. Isso dói... Me sinto da mesma forma.
ExcluirEu tenho o mesmo problema. Esse texto me fez sentir melhor... Sou julgado até pelos meus parentes de primeiro grau, por causa disso. Tenho só 16 anos, e meu pai acha insuficiente só estudar. Me chama de preguiçoso, vagabundo, e coisas muito piores. Isso já me deixou com depressão. Tudo o que eu queria era compreensão para tal doença... Porque isso é claramente patológico. Mas eles são ignorantes demais para me ouvir ou compreender.
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