domingo, 21 de fevereiro de 2010

Homem sueco

Igualdade de gênero elimina o cavalheirismo. Foi o que depreendi ao assistir a um dos episódios da série Fora de Casa, no canal GNT, em 2009.

O programa trazia histórias de mulheres brasileiras vivendo no exterior. Em um deles, uma brasileira que mora na Suécia disse que lá no país escandinavo há igualdade entre homens e mulheres.O sueco divide todos os afazeres domésticos. Cuida muito bem dos filhos, quando os têm. Mas ela se queixou de ausência de cavalheirismo. O sueco lava prato, só que não abre a porta do carro. O sueco cozinha, entretanto não manda flores.

Já sei que as mulheres vão pensar: “o ideal é um homem que junte as duas coisas, que seja tanto parceiro quanto cavalheiro”. Mas isso não parece possível, pelo depoimento da brasileira que vive na Suécia. É que a igualdade acaba com a reverência. Não se coloca mais a mulher num pedestal. Se estão todos no mesmo patamar, não se vê mais a necessidade daquele nhenhenhém e jogo de cena para a conquista.

Considero excelente a eliminação do cavalheirismo. Não tenho simpatia por qualquer tipo de reverência e idolatria. Até a meu favor. Se alguém se mostra muito fascinado em relação a mim, eu não curto.

Trato e homens e mulheres da mesma forma. Com algumas exceções, claro. Cumprimento homens com aperto de mão e mulher já conhecida com um beijo – bem vagabundo. Mas não passa disso. Não mudo meu vocabulário. Se tiver falar palavrão na frente de mulher, falo. Se tiver de discutir assuntos pesados – sexo, criminalidade brutal, minha falta de apreço por animais e crianças – pertos das mulheres, discuto.

Mais: considero dispensáveis mimos do tipo abrir a porta do carro. Para mim, isso é equiparar uma adulta a uma criança. Os carros hoje têm portas automáticas. E as mulheres são independentes o suficiente para abrir a porta e sentar no banco de um automóvel por elas mesmas. E ainda outra questão: muitas vezes é a mulher que guia. O cara vai de passageiro. Todo mundo igual. Sem frescuras. Para nenhum dos lados.

Sem essa dos conservadores de costumes que pregam a manutenção dos papéis tradicionais de homens e mulheres. Não haverá caos e destruição civilizacional se homens passarem a cuidar de casa em vez de mandar flores. As coisas mudam e se ajeitam. Vieram a pílula anticoncepcional e mais liberdade sexual e nem por isso o mundo acabou.

Mas muitas mulheres ainda não abandonaram o anseio por reverência. Não percebem que mais paparico pode significar mais fogão e máquinas de lavar. Até porque agora a mulherada também iniciativas em relacionamentos afetivos e sexuais.

Sempre desconfiei que nasci na Escandinávia e fui trocado por uma criança brasileira. Exceto pelo fato de não ter cabelo loiro, tenho todas as características que ouvi serem atribuídas a suecos. Inclusive no aspecto sexual, já que não sou um amante latino. Acho que vou pintar o cabelo.


Marcelo Amaral
e-mail: mcamaral@uol.com.br
www.twitter.com/marcamaral





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